PROMOÇÃO DE SEGURANÇA E COMBATE À VIOLÊNCIA HOMOFÓBICA/LESBOFÓBICA.

sábado, 5 de novembro de 2011

Gay negro sofre duplo preconceito social

Por João Pedrosa

        Para um homem gay branco vivenciar sua homossexualidade no ano de 2003 do século 21 é tremendamente difícil. Imaginemos então um homem gay e negro vivenciando sua orientação sexual nestes tempos que correm?
        O gay negro sofre na pele – algo visível - a discriminação racial pelo fato de ser negro. Sofre também, muitas vezes silenciosamente, a dor emocional - algo não visível – de ter a orientação sexual homossexual. Ele é duplamente discriminado pela sociedade, por que tem a pele negra e por ser homossexual. O pior é que freqüentemente o gay negro é vítima também da discriminação racial que parte do seu “irmão” de orientação sexual, o homem gay de pele branca.
         Vamos evidenciar dados objetivos para analisarmos a questão racial. Tomemos como exemplo o Brasil, o país tido hipocritamente como o paraíso da miscigenação racial, onde todas as raças “convivem em harmonia”. E também os Estados Unidos da América (EUA), tido hipocritamente como a maior democracia do mundo, o “paraíso da liberdade”. Pois bem, se compararmos estes dois paraísos, no tocante ao preconceito racial o Brasil está em pé de igualdade com os EUA.
          A distância em termos de justiça racial que separa os EUA do Brasil é mínima quando o assunto é inclusão social da população negra. Apesar do primeiro ser muito mais desenvolvido economicamente do que o segundo. Aqui se encontra uma prova de que desenvolvimento econômico não leva necessariamente à inclusão social. Em ambos os países, o racismo ainda é gritante. O acesso do negro à educação de qualidade, ao trabalho e remuneração e ao atendimento no sistema de saúde são fatores preocupantes.
          O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) intitulado de A Hora da Igualdade no Trabalho, divulgado no dia 12 de maio de 2003, nos mostra que:
          Renda mensal: no Brasil a renda mensal de um trabalhador negro é 50% inferior a do branco e nos EUA para cada dólar pago a um branco, um negro recebe o equivalente a 40% desse valor.
          Pobreza: nos EUA, de acordo com os indicadores socioeconômicos do censo norte-americano da década de 1990, 10% da população branca vivia na pobreza, contra 29,5% da negra. No Brasil não precisamos de dados estatísticos, vejamos ao nosso redor a cor da pele dos miseráveis e proletários brasileiros nas ruas, na periferia das grandes cidades, nos lixões etc.
          Saúde: pesquisa do Institute for Social Research da Universidade de Michigan (EUA) aponta que o racismo não está apenas nos setores educacionais e no mercado de trabalho. O número de mortes em conseqüência de doenças consideradas mais incidentes na população, como problemas cardíacos, câncer e diabetes é maior entre os negros. Em muitos casos, isso se deve à diferençiação racial que existe desde o momento do diagnóstico até a qualidade do tratamento oferecido. Será que no Brasil a realidade é diferente ou ainda pior?
          Educação: nos EUA, para entrar na universidade, o aluno precisa ter uma boa pontuação no SAT, que é um teste similar ao vestibular brasileiro. Quanto melhor a pontuação, melhor a faculdade que ele entrará. Como um aluno negro, que já tem uma renda menor do que um branco, pode entrar na melhor universidade se isso significa mensalidades mais altas? No Brasil, segundo estudo da Comissão de Políticas Públicas para a População Negra (CPPN), durante o período de matrícula do segundo semestre de 2001, só 1,3% dos alunos de graduação da Universidade de São Paulo (USP) eram negros.
Fonte: http://www.armariox.com.br/conteudos/colunistas/pedrosa/negrogay.php

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